Quarta-feira, 8 de Novembro de 2006
As medidas previstas em 2004 para reduzir os gases de efeito de estufa estão quase todas com muito atraso, reconhece o documento do
PNAC 2006, publicado em Agosto de 2006.
É na área das florestas que está a maior derrapagem. Em 2010 Portugal deveria ter 600 mil hectares de novas áreas arborizadas, mas espera-se um desvio de 18 por cento em relação a esta meta. Este desvio implica mais 930 quilo-toneladas de CO2 na atmosfera, porque sem árvores não se aplica a função de sumidouro, contemplada no protocolo de Quioto.
Entretanto, o programa “Água quente solar para Portugal”, que prevê a instalação e o funcionamento de 1 milhão de metros quadrados de colectores solares em 2010, não está a ser cumprido. Em 2004 foram criados 16 mil metros quadrados, mesmo assim mais do que os 9200 de 2003. Assim, o desvio esperado em relação à meta de 2010 é de menos 50 por cento de colectores solares, o que implica um impacto nas emissões de mais 140 quilo-toneladas de CO2 por ano.
Também com atraso está o “Programa de incentivo ao abate de veículos em fim de vida”. Entre o ano 2000 e 2004 foram para abate 137.500 carros velhos, muito menos do que seria expectável o que leva o governo a admitir um desvio de 80 por cento da meta para 2010.
As mudanças no clima põe em risco a comida dos seres humanos e torna ainda mais difícil o desafio de alimentar a crescente população mundial, alertou esta terça-feira a FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).
A FAO aproveita a conferência de Nairobi para lembrar "que é necessário prestar maior atenção ao impacto das alterações climáticas sobre a agricultura, a silvicultura e a pesca".
A agência da ONU aponta como uma prioridade "conseguir fortalecer a resistência dos sistemas agrícolas às variações do clima".
Assim, a FAO vai oferecer aos países "instrumentos e informação para transformar suas políticas e práticas agrícolas, pesqueiras e florestais".
Essa informação contém dados agro-meteorológicos para avaliar o impacto dos climas extremos, as ferramentas para examinar a vulnerabilidade dos cultivos, os mapas de coberturas vegetais, a evolução dos recursos agrícolas e florestais em nível mundial e a orientação sobre o desenvolvimento de meios de subsistência rurais.
Gasolina Verde
Mas a FAO sublinha que sua ajuda não se vai limitar à questão dos alimentos, já que a agência também pode contribuir para mitigar os efeitos da mudança climática em questões como a gestão das florestas e as bio-energias.
Com efeito, nos próximos 50 anos, a agricultura e a silvicultura vão proporcionar as principais fontes de combustíveis biológicos líquidos e sólidos, como já fazem os cultivos de açúcar, milho e soja usados para produzir etanol e biodiesel.
A FAO sublinha que “embora não exista uma solução única para todos os países, a bioenergia tem um papel-chave para nos adaptarmos e reduzirmos a dependência dos combustiveis fosseis”.
A agência da ONU afirma que, "com as tecnologias adequadas, transformar biomassas como madeira, resíduos de colheitas, erva, palha e restos de plantas em combustível pode proporcionar uma fonte abundante de energia limpa e barata".
CO2 nas Árvores
Quanto à questão florestal, a FAO afirma que uma melhor gestão das florestas tem "um papel-chave" para reduzir as mudanças climáticas em todo o mundo.
“Quando há exagero na sua exploração, as florestas transformam-se em fontes de emissão de gases causadoras do efeito estufa. Ao mesmo tempo, as florestas e a madeira que produzem, (também) capturam e armazenam dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, por isso têm um papel-chave para mitigar as mudanças climáticas”, lembra a FAO.
No segundo dia de trabalhos, os delegados da 12ª conferência internacional sobre alterações climáticas salientaram esta terça-feira a “necessidade imperiosa” de mecanismos de adaptação às alterações climáticas, fenómeno que ameaça destruir parte do património cultural e natural da Humanidade.
"O Atlas da Mudança Climática", elaborado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo, com o apoio do PNUA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), foi esta terça-feira divulgado no Quénia.
Entre outros dados aponta-se a extinção de várias espécies. No caso do Parque Nacional de Doñana, em Espanha, o relatório indica que já foram perdidas cem espécies de plantas no último século.
O degelo acelerado dos glaciares pode causar a ruptura de lagos, e ameaça o parque Chavín de Huantar, no Peru, que abriga tesouros pré-incas, incluindo templos que datam do ano 900 a.C.
No Belize, a barreira de corais já sofreu descoloração devido ao aumento das temperaturas da água do mar, assim como diversos outros corais em todo o mundo, e continuará a deteriorar-se, caso as temperaturas continuem a aumentar.
"Estes dados representam um novo exemplo de que a mudança climática não é um fenómeno que afecta apenas um aspecto de nossas vidas", disse Achim Steiner, diretor-executivo do PNUA.
"Em África, vemos exemplos claros da diminuição das neves eternas do Kilimanjaro e do Monte Quénia", explicou Joseph Massaquoi, diretor do Escritório Regional para a Ciência e a Tecnologia de África da Unesco.
Outros locais catalogados como Património da Humanidade incluídos no relatório são os monumentos da cidade egípcia de Alexandria, ameaçados pela erosão do litoral e a inundação do delta do rio Nilo.
E, na Tailândia, as inundações já danificaram as ruínas de Sukothai, com 600 anos de antiguidade, enquanto 12 mil sítios arqueológicos e do período medieval na Escócia estão vulneráveis à erosão e ao aumento do nível do mar.
O ministro das Finanças finlandês, Eero Heinäluoma – cujo país preside a União Europeia – disse esta terça-feira em Bruxelas, que a Comissão Europeia está disposta a abrir o seu sistema de comércio de emissões aos países da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre), que actualmente representa a Noruega, a Suíça, a Islândia e o Liechtenstein.
Numa conferência de imprensa, no final de uma reunião dos ministros europeus das Finanças, Heinäluoma insistiu na “importância vital de lutar, colectivamente, contra o problema das alterações climáticas”. O ministro finlandês recordou a publicação na semana passada do
relatório Stern, que chamava a atenção para o custo económico do sobre-aquecimento.
A decisão formal de integrar estes novos países no sistema de comércio de emissões será tomada até ao final do ano, precisou o ministro finlandês.