Segunda-feira, 13 de Novembro de 2006
Francisco Ferreira (Quercus) em Nairobi
Portugal ficou em classificado em 19º lugar em termos de melhor performance relativamente às alterações climáticas num ranking que incluiu os países desenvolvidos e os países com um forte desenvolvimento industrial recente O índice é da responsabilidade da organização não governamental de ambiente GermanWatch e da Rede Europeia de Acção Climática (a que a Quercus pertence) e contou com a colaboração da Quercus na avaliação qualitativa pericial efectuada a Portugal. O anúncio foi hoje efectuado em conferência de imprensa na reunião das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que está a ter lugar em Nairobi no Quénia.
O Climate Change Performance Index (CCPI) 2007 é um instrumento inovador que traz maior transparência às políticas climáticas internacionais. Com base em critérios padrão, o índice avalia e compara a performance de 56 países que, no total, são responsáveis por mais de 90% das emissões de dióxido de carbono associadas à energia.
O objectivo do índice é aumentar a pressão política e social nos países que têm esquecido até agora o seu trabalho interno no que respeita às alterações climáticas.
O CCPI resulta de três componentes parciais que são somadas de modo a criar um ranking da performance em termos de alterações climáticas dos países avaliados. A primeira componente (tendência das emissões) analisa a evolução das emissões nos últimos anos de quatro sectores individualmente: electricidade, transportes, residencial e industrial. A segunda componente refere-se às emissões (nível de emissões) relacionadas com a energia em de cada país integrando variáveis como o produto interno bruto e as emissões per capita. A terceira e última componente (política de emissões) resulta duma avaliação da política climática o país a nível nacional e internacional. A componente de tendência pesa 50%, a componente nível de emissões 30% e as políticas climáticas são ponderadas em 30%. Os dados são retirados da Agência Internacional de Energia e das submissões efectuadas pelos países, sendo as políticas climáticas avaliadas por peritos internacionais na área das alterações climáticas, tendo a Quercus participado a este nível
Portugal obteve a 19ª posição no ranking final global (1º é o melhor), sendo que a sua classificação foi a 36ª na componente tendência de emissões, 17ª na componente de nível de emissões e 11º na componente de políticas climáticas, tendo subido seis lugares (era 25º) em relação ao índice de 2006 quando estiveram em avaliação 53 países. Esta posição reflecte o facto de Portugal ter emissões per capita relativamente baixas e ter um conjunto de medidas consignadas para reduzir as emissões, mas ao mesmo tempo reflecte o aumento praticamente sistemático das emissões desde 1990, com dificuldades de cumprimento do Protocolo de Quioto.
O país melhor classificado no ranking foi a Suécia, seguido do Reino Unido e da Dinamarca. O pior país foi a Arábia Saudita, tendo a Espanha ficado em 38º lugar e os Estados Unidos em 53º lugar.
As famílias portuguesas não são nada poupadas nos consumos de energia.
A associação ambientalista Quercus está a acompanhar 30 agregados. São todas famílias da classe média e a maioria destas c
asas ainda assume comportamentos pouco amigos do ambiente.
As lâmpadas mais baratas do mercado e menos eficientes estão ainda na maioria das casas. As lâmpadas mais eficientes são também mais caras e por isso não entram no cabaz de compras mas com esta opção o consumidor não esta a poupar em iluminação e na conta da electricidade.
No que respeita às emissões de gases de efeito de estufa (em particular de dióxido de carbono) associadas aos consumos de electricidade e gás, verificou-se uma variação muito significativa de emissões entre famílias, tal como já verificado nos consumos de energia. As emissões atingem nalgumas famílias valores próximos dos 800 Quilos de CO
2 por mês, “o que se pode traduzir como uma emissão equivalente a 160 lâmpadas incandescentes de 60W ligadas 4 horas por dia, durante um mês”, refere a Quercus.
Os equipamentos da cozinha, como o frigorifico, são os aparelhos que mais energia gastam dentro de um casa. Mas, curiosamente é o conjunto dos aparelhos ligados ao entretenimento e à informática que dominam actualmente os gastos com energia.
É, também, nos aparelhos de lazer que residem muitos dos consumos fantasma de energia. Aparelhos que mesmo desligados estão a gastar electricidade, com a luz do “stand-by acesa, daí a sugestão dos ambientalistas para que se não se utilize o telecomando quando se quer apagar a televisão e alguns aparelhos devem mesmo ser desligados da tomada eléctrica.
Este estudo da Quercus está a ser feito em Lisboa, Oeiras e Sintra. E, agora depois de tirar o “retrato” às casas, resta saber se estas famílias aceitaram bem as mudanças propostas pelos ambientalistas, mas isso só se fica a saber no principio do próximo ano.