Ainda faltam quatro anos para que se atinja um acordo global sobre o clima que sustente o mercado internacional de carbono, disse hoje o secretário executivo da Convenção das Partes sobre as Alterações Climáticas, Yvo de Boer.
Os mercados de carbono limitam as emissões dos gases de efeito de estufa e obrigam os países que ultrapassam as quotas estabelecidas a comprar direitos de emissão aos países que não a atingem.
Um mercado global de carbono vai permitir que os países que ultrapassem as quotas negoceiem direitos de emissão com outros estados, o que reduziria o custo dos cortes de emissões de que o mundo ainda precisa, de acordo com as estimativas de alguns especialistas.
Mas ainda faltam quatro anos para que haja um acordo nesse sentido, disse Yvo de Boer, chefe da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas, na abertura da conferência, que está a decorrer em Nairobi até 17 de novembro.
"A frustração justifica-se", disse Yvo de Boer aos repórteres. "Está tudo a caminhar devagar. O problema é que os interesses dos países entram em conflito em muitas áreas."
Os países produtores de petróleo, por exemplo, temem o impacto da limitação do carbono no Produto Interno Bruto. Enquanto os estados insulares pequenos temem ser inundados pela subida do nível do mar, enquanto países em desenvolvimento querem colocar o combate à pobreza à frente do controle das emissões.
A ONU já supervisiona um comércio global de carbono entre países pobres e ricos. "Acho que vamos fazer a contabilidade. E, quando se conhecerem, em 2010, as ambições dos países industrializados, o preço do carbono ficará mais claro", concluiu de Boer.
Nos primeiros nove meses de 2006, o mercado de carbono chegou a quase 22 biliões de euros, valor que duplicou em relação a 2005, disse o Banco Mundial no mês passado. Este mercado é dominado pela iniciativa da União Européia, que é vista como um modelo para um futuro mercado global.