Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006
Os cientistas mundiais prevêem para os próximos 100 anos aumentos de temperatura que podem chegar aos 5,8 graus Celsius. Estes dados foram revelados num relatório do IPCC, a sigla em inglês para Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.
Cada dia que passa as previsões são mais pessimistas. No seu último relatório o IPCC, alerta para aumentos de temperaturas nos próximos 100 anos que podem chegar aos 5,8 graus Celsius.
O IPCC lança agora dados duas vezes mais pessimistas dos que as previsões feitas no estudo anterior. E segundo os cientistas a responsabilidade destas previsões vai para o grande impacto do Homem neste planeta.
O IPCC já fez três estudos globais sobre o clima e desde a sua criação no topo das preocupações continua a poluição industrial e os transportes. Este são os grandes poluidores do mundo.
Entretanto, também nos países em desenvolvimento se fazem sentir altos níveis de emissões. Por um lado, a precária adaptação tecnológica das industrias destes países não permite o controlo das emissões de gases de efeito de estufa. E, por outro lado, a utilização intensiva de carvão e da madeira para cozinhar também contribuem para o aumento das temperaturas. A cozinha é aliás considerada a quarta grande responsável pela emissão para atmosfera de gases de efeito de estufa.
A terceira grande responsável é a actividade agrícola. Sobretudo a pastorícia intensiva provoca um grande aumento do metano na atmosfera. Os gases libertados pelos animais e os dejectos são uma mistura explosiva para o clima.
É por estas evidências que os cientistas apelam à contenção dos meios de produção industrial e agrícola. Por outro lado, estes cientistas exigem uma maior actuação politica, no sentido de cumprir o protocolo de Quioto.
O IPCC foi criado em 1988 pelo Programa de Ambiente das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial para estudar e propor soluções sobre os impactos das actividades humanas no clima.
Entre causas e consequências os modelos científicos apontam previsões.
AS CAUSAS
31% de aumento de dióxido carbono (CO2) desde 1750 (a maioria das emissões com origem no homem, que queima combustíveis fósseis).
151% de aumento de metano (um gás libertado pela queima de combustíveis e pela decomposição da matéria orgânica em os aterros ou lixeiras).
25% das emissões são da responsabilidade dos EUA.
CONSEQUÊNCIAS
0,6 graus Celsius de aumento da temperatura no século XX.
1990 a década mais quente desde 1861.
1998 o ano mais quente da história.
10% de diminuição do manto de neve desde os anos 60.
40% de decréscimo da espessura do Árctico.
0.2 metros de subida do nível médio do mar, durante o século XX.
AS PREVISÕES
250% de aumento das emissões de CO2 em 2100, em relação a 1750.
1,4 a 5,8 graus Celsius de aumento da temperatura até ao ano 2100.
0.88 metros de subida do nível do mar.
O aquecimento do planeta faz-se sentir, além do aumento da temperatura à superfície, numa maior frequência daquilo que os cientistas chamam de fenómenos climáticos extremos.
Assim as “anomalias climáticas” (furacões, ciclones, etc.) repetem-se com maior frequência; a água retida nos gelos polares descongela e regressa aos oceanos, pelo que o nível do mar sobe, destruindo o litoral e apagando algumas ilhas do mapa; a seca e as inundações ameaçam os "stocks" alimentares; doenças tropicais migram para regiões antes mais frias; os ecossistemas podem entrar em desiquilíbrio.
De seguida mostramos uma síntese do que vai acontecer em alguns sectores e nalgumas regiões:
Água
Positivo: Menor risco de inundações na região Mediterrânica.
Negativo: Maior risco de inundações nos Alpes e de secas no Verão, sobretudo no sul da Europa.
Florestas
Positivo: Aumento da produtividade no Norte
Negativo: Mais fogos, e mais intensos, na região Mediterrânica.
Agricultura
Positivo: Expansão das zonas de cultivo no Norte
Negativo: Mais secas na região Mediterrânica
Pescas
Positivo: Aumento da produtividade de espécies nos mares do Norte
Negativo: Extinções locais de espécies à beira do limite
Montanhas
Negativo: Redução drástica dos glaciares alpinos; extinção de espécies no topo das montanhas; aumento do perigo de incêndios.
Transporte, energia e indústria
Positivo: Redução do números de dias com geada e neve; menor necessidade de aquecimento no Norte.
Negativo: Verões quentes e secos negativos para indústrias que necessitam de muita água; maior necessidade de refrigeração no Sul
Recreio e Turismo
Negativo: Calor excessivo em estâncias do Mediterrâneo; menor fiabilidade da cobertura de neve nos Alpes.
Saúde humana
Negativo: Maior mortalidade e morbilidade no Sul, sobretudo nos idosos, por "stress" térmico e poluição atmosférica.